CONSUMISMO: A IDENTIFICAÇÃO COM AS COISAS
Cabelo, Pele e Unha

CONSUMISMO: A IDENTIFICAÇÃO COM AS COISAS



Oi galera!

Bóra fazer uma breve reflexão?

Escolhi para hoje, um tema muito comum no nosso dia-a-dia: O CONSUMISMO

E para trazer essa questão, extraí um texto do livro:
"O Despertar de uma nova consciência" - Eckhart Tolle


"Quem trabalha no setor de publicidade sabe muito bem que, para vender produtos supérfluos ou desnecessários, é preciso convencer as pessoas de que esses objetos acrescentarão algo à maneira como elas se vêem ou são vistas pelos outros, ou seja, que adicionarão alguma coisa à sua percepção do eu. Os anúncios fazem isso, por exemplo, nos dizendo que vamos nos destacar da multidão usando tal produto e, assim, por implicação, seremos mais plenamente nós mesmos.

Outras propagandas criam uma associação na nossa mente entre o produto e alguém famoso, jovem, atraente ou de aparência feliz. Até mesmo imagens do início da carreira de celebridades que agora já
estão velhas ou mortas funcionam bem para esse propósito. O pressuposto implícito é de que, comprando determinado item, nos tornamos, por meio de uma apropriação mágica, como essas pessoas ou então assumimos sua imagem superficial. Assim, em muitos casos, não estamos adquirindo um produto, mas um "meio de realçar nossa identidade". 

As grifes de estilistas são, em termos básicos, identidades que compramos. Elas são caras e, portanto, "exclusivas". Se todo mundo pudesse adquiri-las, seu valor psicológico se perderia e nós ficaríamos apenas com seu valor material, que talvez represente apenas uma fração do preço que pagamos por elas.

Com que tipo de coisa cada um de nós se identifica é algo que varia de pessoa para pessoa, considerando a idade, o sexo, a renda, a classe social, a moda e a cultura dominante, entre outros fatores. Aquilo com que alguém se identifica tem tudo a ver com o conteúdo, enquanto a compulsão inconsciente  para se identificar é estrutural. Essa é uma das maneiras mais básicas pelas quais a mente egóica funciona.

Paradoxalmente, o que mantém a chamada sociedade de consumo é o fato de que tentar encontrar a si mesmo por meio de coisas não funciona: a satisfação do ego tem vida curta. Assim, a pessoa continua buscando mais, continua comprando, continua consumindo.


É claro que, nessa dimensão material em que nosso eu superficial vive, as coisas são uma parte necessária e inevitável da vida.
Precisamos morar em algum lugar, necessitamos de roupas, móveis, ferramentas, transporte, etc. Há também coisas que valorizamos por causa da sua beleza ou da sua característica inerente. Devemos reverenciar o universo das coisas, e não menosprezá-lo. Cada objeto tem uma Existência, é uma forma temporária cuja origem está na Vida Única, informe, a origem de todas as coisas, de todos os corpos, de todas as formas. Nas culturas mais antigas, as pessoas acreditavam que tudo, até mesmo os objetos supostamente inanimados, possuíam um espírito próprio - e a esse respeito elas se encontravam mais próximas da verdade do que estamos hoje em dia.
Quando se habita um mundo embotado pela abstração mental, não se sente mais a vida pulsante do universo. A maioria de nós não se encontra numa realidade viva, e sim numa realidade conceitualizada.

Mas não podemos reverenciar as coisas verdadeiramente se as usamos como meios para ressaltar nosso eu, isto é, se tentamos nos encontrar por meio delas. É isso o que o ego faz. Sua identificação com as coisas cria sentimentos de apego e obsessão em relação a elas, o que, por sua vez, forma a sociedade de consumo, bem como suas estruturas econômicas, onde a única medida de progresso é sempre mais.


A busca descontrolada por mais, pelo crescimento infinito, é um distúrbio e uma doença. É a mesma disfunção apresentada pela célula cancerosa, cuja única meta é se multiplicar, inconsciente de que está provocando seu próprio fim ao destruir o organismo de que faz parte. Alguns economistas são tão atraídos pelo conceito de crescimento que não conseguem se desligar dessa palavra, assim eles se referem à recessão como um período de "crescimento negativo".

Uma grande parte da vida de muita gente é consumida por uma preocupação obsessiva com as coisas. É por isso que uma das doenças do nosso tempo é a proliferação de objetos. Quando uma pessoa não consegue mais sentir a vida que ela própria é, em geral tenta preencher sua existência com coisas. Se esse for seu caso, sugiro, como uma prática espiritual, que você analise seu relacionamento com o universo das coisas por meio da observação de si mesmo e, em particular, de tudo o que é designado com a palavra "meu".

É preciso que esteja alerta e seja honesto para descobrir, por exemplo, se seu sentido de valor pessoal está ligado aos bens que possui. Será que determinadas coisas lhe despertam um sentimento sutil de importância ou superioridade? A falta delas o faz se sentir inferior a quem tem mais? Você menciona de modo informal as coisas que possui ou as exibe para aumentar seu sentido de valor aos olhos das pessoas e por meio delas aos seus próprios olhos? Costuma ficar ressentido ou irado e, de alguma forma, se sente diminuído na percepção do seu eu quando constata que alguém tem mais do que você ou quando perde um bem valorizado?

O ego tende a equiparar ter com ser: eu tenho, portanto eu sou. E, quanto mais eu tenho, mais eu sou. Ele vive por meio da comparação. A maneira como os outros nos vêem nos transforma em como nos vemos. Se todas as pessoas vivessem em mansões ou fossem ricas, suas casas luxuosas e sua riqueza não serviriam mais para destacar sua percepção do eu. Alguém poderia então se mudar para uma cabana simples, renunciar à fortuna e recuperar uma identidade sendo ele mesmo e sendo considerado mais espiritualizado do que os outros. O modo como um indivíduo é visto pelos demais torna-se o espelho que lhe diz como e quem ele é.
Na maioria das vezes, a percepção do ego sobre o valor pessoal está ligada ao valor que a pessoa tem aos olhos dos outros. Ela precisa que eles lhe dêem uma percepção do eu. Caso viva numa cultura que, em grande medida, equipara seu valor a quanto e ao que ela possui, é bom que seja capaz de detectar essa ilusão coletiva para não ser condenada a correr atrás de coisas pelo resto da vida na vã esperança de encontrar seu valor e satisfazer sua percepção do eu.

Você quer saber como se livrar do apego às coisas? Nem tente fazer isso.
É impossível. Esse vínculo desaparece por si mesmo quando paramos de tentar nos encontrar nas coisas. Nesse meio-tempo, simplesmente tenha consciência de que está ligado a elas. Às vezes, você pode não saber que está vinculado a alguma coisa, quer dizer, identificado com ela, até perdê-la ou sentir a ameaça da perda. Depois disso, se você ficar aborrecido ou ansioso, é porque o apego existe. Caso esteja consciente de que está identificado com algo, a identificação não é mais total.
"Eu sou a consciência que está consciente de que existe vínculo."
" Esse é o começo da transformação da consciência."









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