Prana significa alento ou energia vital e yáma significa domínio. Portanto, pránáyáma é o domínio da bioenergia.
Respiramos cerca de 20.000 vezes num dia. Em cada respiração, absorvemos por volta de 300 ml de ar. Mas nossos pulmões foram planejados para muito mais pois a capacidade pulmonar de um adulto é de cerca de 4 litros. Nossa respiração cotidiana movimenta apenas 10% do que nossos pulmões comportam. Assim, nosso corpo e nossa mente funcionam com uma quantidade de combustível bem menor do que necessitam e jamais poderemos expressar plenamente nossos potenciais e viver uma vida realmente saudável se não aumentarmos nossa absorção de oxigênio.
Respiramos vinte e quatro horas por dia automaticamente, sem que percebamos, porém podemos influir no ritmo respiratório. Portanto, a respiração é um elo de ligação entre as funções conscientes e inconscientes do ser humano.
Cada estado emocional possui um ritmo respiratório característico. Se estivermos dormindo, a respiração é abdominal e lenta. Se estivermos agitados, estressados, a respiração é superficial e torácica. Se estivermos em estado de vigília, a respiração tenderá a ser completa. Nesses estados emocionais, o ritmo respiratório é ajustado inconscientemente.
Certas características da personalidade humana manifesta-se também na respiração. Pessoas tímidas ou medrosas tendem a ter uma respiração superficial. Elas não conseguem se expor ao ambiente e interagir de forma ampla. Ou seja, há um padrão normal de respiração para cada indivíduo dependendo das características pessoais.
Toda a tensão emocional é materializada, no físico, com uma contração muscular. Assim, estados duradouros de tensão emocional acabam se refletindo em estados duradouros de contração muscular.
O psicanalista Wilhelm Reich, denominou esse fenômeno de "couraça do caráter". Quanto maior a tensão emocional, maior é a "couraça do caráter" e mais superficial será a respiração.
Portanto, os efeitos da emoção na respiração, podem ser notados de maneira mais intensa por ocasião de um fato especial. O encontro, por exemplo, com uma grande paixão. O coração acelera, o rosto esquenta, as mãos e os pés gelam e a respiração fica acelerada. Características semelhantes acontecem com um grande susto ou uma situação muito estressante.
Os estados emocionais afetam a respiração, mas o contrário também é verdadeiro.
Vimos que as emoções podem afetar a respiração. Porém, a respiração também pode afetar as emoções. Essa é uma chave fundamental.
Se a timidez leva à uma respiração superficial e eu desejo vencer a timidez, posso utilizar uma respiração profunda. Portanto, uma das maneiras de administrar as emoções é a utilização de técnicas respiratórias.
Se as emoções se processam a nível inconsciente e provocam uma respiração determinada, a
respiração consciente em determinado ritmo, leva a estados
emocionais compatíveis. Entretanto, a respiração afeta não só as emoções, mas também os estados mentais. O fluxo do pensamento é determinado também pelo fluxo respiratório.
Ou seja, respirar corretamente produz diversos efeitos: há aumento significativo da bioenergia; as emoções são facilmente administradas; e a mente fica serena.
Se as emoções e a mente são vinculadas ao fluxo respiratório, e se pararmos de respirar temporariamente fazendo retenções com o pulmão cheio ou vazio, o fluxo das emoções e do pensamento também param. Quando isso acontece, estados superiores de consciência se manifestam.
Praticando os exercícios respiratórios que o Yoga nos oferece, ampliamos a capacidade respiratória e reeducamos os músculos e órgãos envolvidos nesse processo para que esse padrão respiratório se mantenha mesmo depois de terminada a prática. Muitos desses exercícios devem ser aprendidos diretamente com um instrutor pois precisam ser corrigidos. Os que você aprenderá a seguir produzem bons efeitos, e são bastante simples, podendo ser feitos em casa.
RESPIRAÇÃO ABDOMINAL RITMADA:
Deite-se de costas com os joelhos flexionados e os pés apoiados no chão, e apoie as mãos sobre o abdômen.
Comece respirando lenta e profundamente. Sinta o ar frio entrando pelas narinas e o ar quente saindo...sinta nas mãos, o movimento do abdômen expandindo e contraindo. Concentre toda a atenção no movimento do abdômen junto com a respiração.
Quando você se sentir mais relaxado, comece a dar um ritmo para sua respiração. Inspire contando até 4 (qdo chegar a 4 o pulmão deve estar totalmente cheio), e expire também em 4 tempos (até o pulmão esvaziar completamente). Permaneça neste ritmo no mínimo uns 10 minutos, ou qto tempo quiser a mais.
Quando achar que 4 tempos está fácil, aumente para 6, depois 8, 10...e assim vai aumentando. Essa respiração vai oxigenar o cérebro, tranquilizar emoções e pensamentos e, quando praticada à noite, auxilia a dormir com mais facilidade e descansar mais durante o sono.
RESPIRAÇÃO ALTERNADA:
Com o dedo anelar da mão direita aperte a narina esquerda.
Inspire lenta e profundamente pela narina direita. Com o dedo polegar, aperte a direita, e solte o dedo da narina esquerda, expirando pela mesma.
Inspire agora pela esquerda, prendendo só a direita. Solte pela direita.
Assim, vá alternando as inspirações e expirações, e alternando também as narinas.
Repita todo o processo no mínimo uns 5 minutos e termine soltando o ar pela direita. Este exercício ativa cada um dos hemisférios cerebrais, sincronizando-os. Use esta respiração quando sentir que seus pensamentos estão confusos ou quando a mente estiver muito agitada.
Com a prática dos exercícios respiratórios, cada vez mais, você irá tomando consciência de sua respiração e de suas emoções.
E consequentemente, isto o levará a um maior controle físico e emocional. Mas não pense que isto acontecerá com uma semana ou alguns meses de prática... é preciso dedicação e constância.
Porém, o resultado o surpreenderá!
NAMASTÊ!
profª Erika Nasch